Ouve Isso Aqui: O nome é o mesmo, mas a sonoridade, quanta diferença

Ouve Isso Aqui: O nome é o mesmo, mas a sonoridade, quanta diferença

Por André Kaminski

Tema escolhido por Mairon Machado

Com Davi Pascale e Ronaldo Rodrigues

Segunda edição do Ouve Isso Aqui, hoje, Mairon resolveu tirar uma com os nomes de algumas bandas famosas que já foram usadas por outras mais antigas (e não por vezes, com mais qualidade dos que as mais atuais, a exemplo de uma certa banda de moleques cabeludos dos anos 90). A sonoridade, ah, muita diferença mesmo. Conhece mais algumas bandas antigas cujos nomes foram surrupiados (intencionalmente ou não) por outras mais novatas que se tornaram mais famosas que as originais? Recomende nos comentários.


Skid Row – 34 Hours [1971]

Mairon: Lembro até hoje da primeira vez que ouvi esse disco. Sabia que não era o Skid Row do Sebastian Bach, mas não imaginava que por trás desse nome havia um hard rock tão visceral. Gary Moore, o famoso guitarrista irlandês, está assessorado por Brush Shiels (vocais, baixo) e Noel Bridgeman (bateria), e esse power trio detona quase que o tempo inteiro.Os mais de nove minutos da faixa de abertura, “Night of the Warm Witch”, são um tour de force para qualquer aficcionado do estilo já ficar apaixonado pela banda na primeira audição. O vocal potente de Shiels, a guitarra ácida e virtuosa de Moore e o incansável ritmo de Bridgeman sobressaem imediatamente. O hardão também se sobressai em “Go, I’m Never Gonna Let You, Pt. 1”, uma paulada onde as linhas de guitarra e baixo comandam, e nas quatro partes de “Love Story”. É interessante ver as inspirações hippies dos irlandeses, principalmente em “Mar”, a qual parece saída de algum álbum de Cat Stevens, porém, com a contribuição essencial de um fantástico solo de Moore. Ainda temos o rockaço “First Thing in the Morning”, que em dois minutos coloca a casa para baixo, na melhor linha de outros power trios como Cream ou Mountain, e a brincadeira country de “Lonesome Still”, único deslize de um disco fantástico, muito melhor do que toda a obra da banda mais famosa.

André: Como a ideia do Mairon foi fazer graça com os nomes das bandas famosas das quais existiam homônimos mais antigos, vou cair na brincadeira. Pois é, parece que a turma de Sebastian Bach andou tomando uns ácidos a mais quando fez este disco. Um belíssimo disco da primeira banda do Gary Moore, cuja guitarra já transparece toda a qualidade que ele sempre demonstrou em toda a carreira. Além disso, Moore parece também bem a vontade em usar diferentes pedais para tantos efeitos (tem fuzz, wah-wah e mais alguns). Aliás, o baixo de Brush Shiels também está em alto volume, dando uma encorpada no som muito bem vinda. Não tem o que reclamar aqui, é rockão setentista clássico para quem gosta de Thin Lizzy, Budgie e Bad Company. Não conhecia, amei e recomendo.

Davi: Segundo e último álbum desse primeiro Skid Row. Na época, a banda não foi um enorme sucesso comercial, mas hoje esses álbuns tornaram-se cultuados por conta da presença ilustríssima de Gary Moore. E realmente, ele era o grande destaque do álbum com riffs e solos fortes. A cozinha de Noel Bridgeman e Brush Shiels também era bem eficiente. Brush construía linhas de baixo inteligentes e seguras, enquanto Noel demonstrava paixão e enorme feeling na bateria. O som do grupo era basicamente um hard rock com pegadas de blues, country (mais perceptível na balada “Lonesome Still”) e um pouco de prog. O ponto baixo, para mim, fica pela interpretação vocal de Brush. O cara não era ruim, mas era um cantor comum para os padrões da época. Se tivessem investido em um cantor foda, acredito que teriam ido mais longe. Trabalho interessante, mas ainda prefiro o Skid Row do Sebastian Bach. Faixa de destaque: “Go, I´m Never Gonna Let You”.

Ronaldo: A fórmula de blues pesado embebido em psicodelia era aplicada pela maioria das bandas de rock entre 1970-1971. Mesmo analisando uma certa “saturação” de lançamentos com essa pegada no período, é possível perceber os grupos que se destacavam nesta abordagem. Com o baixo pouco ortodoxo de Brush Shiels e a bateria insana Noel Bridgeman, um jovem e ainda desconhecido Gary Moore tentava ampliar as fronteiras do blues-rock reinante da época, sob a égide do Skid Row. O disco tem uma certa urgência e um certo desleixo, que trazem ao mesmo tempo uma singularidade e também algum incômodo, fazendo o ouvinte se perguntar se o que boas canções, como “Mar” e “The Love Story”, poderiam se tornar caso tivessem sido mais apuradas nos arranjos e na qualidade da gravação. “Night of the Warm Witch” e “Go, I’m Never Gonna Let You” são rocks pulsantes e com ótimas ideias, e que não devem ser preteridos por ninguém.


Nirvana – The Existence of Chance Is Everything and Nothing While the Greatest Achievement Is the Living of Life, and so Say ALL OF US [1968]

Mairon: Uma das grandes bandas do British Pop psicodélico da década de 60, o Nirvana se apoiava em uma estrutura sonora similar ao Wall of Sound de Phil Spector, mas do outro lado do Atlântico. Poderia ter escolhido o belíssimo disco de estreia, The Story of Simon Simopath, mas é com esse seu segundo álbum que o Nirvana chega na maturidade. Afinal, ele possui uma musicalidade tão grande quanto seu nome. É impossível não se impressionar com a qualidade dos arranjos de “Rainbow Chaser”, uma das primeiras canções da história a trazer o phasing em uma gravação, a sutileza da flauta e do violoncelo na instrumental “The Show Must Go On”, a mistura de cordas e dedilhado de violão em “Trapeze” ou o hipnotizante canto vocal de “You Can Try It”. E isso é o que mais me chama a atenção. Quase todas as canções possuem arranjos orquestrais primorosos, mas também os vocais são super bem encaixados.  “Frankie the Great”, “The Touchables (All of Us)” e “St. John’s Wood Affair” são ótimos exemplos disso. A delicadeza musical de “Tiny Goddess” e “Melanie Blue” sempre me emocionam. E claro, há aqueles elementos mais “britânicos”, tais como “Girl in the Park”, e outros menos atrativos, como “Miami Masquerade” e  “Everybody Loves the Clown” (parece uma “The Laughing Gnome” mas sem grife).  Uma banda que eu comparo ao Nirvana é o Aphrodite’s Child, já que os teclados de Alex Spyropoulos lembram muito os de Vangelis na fase inicial dos gregos, mas nunca consegui encontrar algo que realmente afirmasse influências advindas da Inglaterra para Vangelis e Roussos.  É uma injustiça que o grupo seja conhecido apenas por ter processado Kurt Cobain e cia., já que seu som é de altíssima qualidade.

André: O que aconteceu com Kurt Cobain aqui? Acho que ele andou escutando pop barroco demais. Bom disco do Nirvana, pega aquele estilo de pop aparentemente influenciado pelos Beatles do Sargento Pimenta elevado a enésima potência. As vezes o disco dá uma exagerada e soa meio cafona (aquela meio infantil “Everybody Loves the Clown”), mas canções como a animadinha “Trapeze” e a divertida “Girl in the Park” jogam o disco para cima. Apesar de ter certeza que alguns instrumentos como o naipe de metais e o violoncelo são reais, eu tive a impressão que algumas orquestrações eram na base do mellotron, não?

Davi: Esse foi o que mais gostei da lista. É, certamente, o trabalho mais pop entre os indicados, mas os arranjos são muito bem construídos, é muito bem tocado e muito bem cantado. Os garotos faziam uma sonoridade bem típica desse fim de anos 60. Tratava-se de um pop/rock meio psicodélico com bastante orquestração, vozes com efeitos, uns fraseados bem influenciados pela fase psicodélica dos Beatles (ouça “Trapeze” com atenção e você entenderá o que quis dizer). O lado A é mais forte do que o lado B, mas mesmo assim, trata-se de um bom LP. Minhas faixas preferidas ficam por conta de “Rainbow Chaser”, “The Touchables”, “Trapeze” e “Girl In The Park”. Altamente recomendado para fãs de The Zombies, Love e Electric Light Orchestra.

Ronaldo: Se considerado o que está escrito na capa, talvez este disco seja um dos recordistas em tamanho do nome de um álbum. Trata-se de um pop barroco tal qual a cartilha da época – boas melodias, refrões, arranjos repletos de elementos orquestrais e algumas tímidas pinceladas psicodélicas na produção. Com claras influências dos Beatles, algumas canções são realmente bastante agradáveis, mas outras passam batido. O disco é bastante datado e se você não for flechado por alguma melodia em específico, dificilmente se fixará atentamente ao disco. Trabalho coerente, mas um tanto maçante e previsível.


Iron Maiden – Maiden Voyage [1998]

Mairon: Toda vez que alguém me pergunta: “Você é fã de Iron Maiden”, eu sempre respondo “sim”. Automaticamente, a pergunta seguinte é “qual a melhor música para você? ‘Fear of the Dark’? ‘The Number of the Beast’? ‘Powerslave’? E eu respondo: “Cara, com certeza é ‘Liar’. A cara do fã bitolado tentando encontrar a canção no meio do vasto repertório do grupo do titio Harris é hilária, e então explico que o Iron Maiden de verdade, que eu sou fãzão, é o quarteto inglês sessentista que lançou algumas canções que tornaram-se, no final dos anos 90, essa cultuada coletânea. “Liar”, a faixa em questão, é um petardo de doze minutos, que lembra muito o UFO da fase pré-Schenker, com solos de guitarra e baixo, bateria alucinada, vocalizações e muita lisergia, em um Space Rock para viajar pelo cosmos sem gasolina (parafraseando Nei Lisboa). Mas não é só isso. O baixo galopante de Barry Skeels, virtude presente em quase todo Maiden Voyage, é a força do boogie “C. C. Rider”, com uma harmônica sensacional. O mesmo baixo une-se e as grandes vocalizações de “Falling”, com um riff de guitarra inspirado em música clássica, mostrando quão avançados eram esses garotos para sua época. As baladaças “Plague” e “Ritual” parecem saídas de algum trabalho perdido do Animals, mas muito bem trabalhadas e viajantes, com efeitos malucos e baita solos de guitarra (e dê-lhe baixo cavalgante). As faixas mais curtas, “Ned Kelly” e “God of Darkness”, demonstram ainda mais a virtude dos ácidos solos de Trevor Thoms. E falando em baladas, “Ballad of Martha Kent” poderia muito bem embalar bailinhos e jovens casais junto a baladas de Stones e Beatles, não fosse a doideira propiciada pelo quarteto na sua segunda metade. Que LOUCURA! Maiden Voyage é hard rock dos mais pesados e densos que você já ouviu, junto a um trabalho instrumental que beira o progressivo e também pequenas doses de psicodelia. Ou seja, bom pra caralho!!

André: É uma banda que seria boa caso se empenhassem mais em suas próprias composições no caso de lançarem um disco (do qual nunca fizeram). Com as canções que tinham, não conseguiriam competir contra Moby Grape, Jefferson Airplane e Iron Butterfly por um espaço nas gravadoras. “Falling” talvez seja a única que faça frente às grandes bandas. “Liar” e um longo solo de baixo parece uma coincidência daquelas quando se trata de donzelas de ferro. As outras precisam dar uma boa retrabalhada para soarem boas. O vocalista, apesar de soar diferente, não me incomoda. Creio que um bom produtor poderia dar uma azeitada no grupo e nas composições. Nada marcante mas foi bacana conhecer.

Davi: Interessante notarmos quantas e quantas bandas reutilizaram nome de grupos do passado e, em muitos casos, não vale aquela velha máxima de que o original é sempre melhor. Esse é um caso clássico. Sim, são estilos e épocas diferentes, sem dúvidas, mas o Iron Maiden de Steve Harris foi um divisor de águas no heavy metal, criaram um estilo próprio. Esse Iron Maiden do final dos anos 60 era uma banda mediana para os padrões da época. Os caras apostavam em um rock psicodélico que até era redondinho, mas nada além disso. O guitarrista Trev Thoms era o melhor músico do grupo. Curiosamente, embora essas músicas tenham sido lançadas em compactos (esse CD é meio que uma coletânea dos compactos), as músicas em sua maioria eram longas.  Em se tratando de composição, “Falling” é minha preferida. “God of Darkness” conta com um riff bacana, mas deixa explicita a limitação vocal. Uma pena… Foi bacana ouvir pela curiosidade, mas não foi uma banda que me cativou.

Ronaldo: É de se lamentar que esta banda não tenha gravado nada oficialmente. O álbum indicado é uma compilação de material de arquivo. Instrumental caprichado e uma banda que desenvolvia um rock “pesado” ainda envolto nas raias psicodélicas, mas com determinação e ideias consistentes. Talvez não soe pesado na audição por mera precariedade dos instrumentos, amplificadores e/ou da gravação, já que em termos de construção musical o material do Iron Maiden se assemelha aos momentos mais distorcidos do Jethro Tull pré-Aqualung. Impressiona a relação entre bateria, baixo e guitarra, fazendo muito com poucos elementos. Os vocais também são interessantes e as melodias vocais são bastante apreciáveis. Por não ser um material oficial a qualidade de gravação fica a desejar a medida que o disco avança, mas analisando pelo aspecto musical, as composições tendem a agradar o filão de fãs que se interessam por bandas pós-psicodélicas.


Possessed – Exploration [2006]

Mairon: Discaço representante da geração hard setentista, de uma banda enigmática, tão obscura quanto sua história, repleta de curiosidades (ligadas principalmente ao Judas Priest e ao Led Zeppelin) e tragédias. O trio apoia-se em uma linha vocal grudenta, belos riffs de guitarra e uma cozinha fantástica, conforme atestam  “All Night Long”, uma faixa classicamente hard, “Climb the Wooden Hills”, com um brilhante solo de slide, “Darkness, Darkness”, destacando o poderoso refrão, “I See The Light” e seus momentos de pura intrincação, além da faixa-título, com o baixo esbofeteando a cara do ouvinte sem piedade. Mas também temos espaço para uma aula de violão acústico nos moldes de Jimmy Page em “Exploration Pt. II”, o swing de “The Love That You Gave” e “Reminiscing”, e pancadaria comendo solta em “Thunder & Lightning”, com uma boa sequência de solos. As melhores faixas para mim são “Dream”, maluquíssima, repleta de variações e com um arranjo vocal arrepiante, além de um solo de guitarra para sair pulando pela casa, a baladaça acústica “Love ‘em or Leave ‘em” e “Disheartened & Disillusioned”, na qual os solos de guitarra são a grande atração. Em uma comparação bem sutil, podemos dizer que é uma mistura de Grand Funk Railroad com Led Zeppelin, mas tendo um certo peso de Black Sabbath. Uma ácida combinação de peso, lisergia e rock’n’roll, em nada próxima ao death dos xarás americanos. Alguns irão reclamar da voz aguda de Mike Vernon, mas isso é o de menos perto da qualidade musical de uma grande banda, que infelizmente, não chegou a ver seu álbum nas lojas, como conto nesse texto aqui.

André: Gostei bastante desse trabalho, é como se misturasse o peso do Zeppelin e do Sabbath e chamassem Barry Gibb, dos Bee Gees, para fazer os vocais (praticamente todo o disco em falsete). E claro, com uma pitadona de ácido na sonoridade. Daqui, destaco o peso de “Darkness Darkness” e os ótimos solos de guitarra de “Climb the Wooden Hills”. De fato, reconheço que não é um disco para todos principalmente em relação aos vocais, mas eu particularmente curti o jeitão descompromissado deles.

Davi: Esse foi um álbum que ficou engavetado por mais de 30 anos. Embora tenha sido gravado na década de 70, somente viu a luz do dia em 2006. Impressionante que tenha sido lançado, tendo em vista que essa é uma banda que nunca aconteceu. O som deles era bem pesado para a época. Faziam um hard rock, com um ‘q’ de prog e psicodelia. O trabalho de guitarra é bacana, parte rítmica é eficiente. A parte instrumental é, de fato, o grande destaque. Sim, acho que eles pecam no vocal. Com uma audição mais atenta é perceptível alguns deslizes, mas o grande problema não é nem esse. O problema é que o cara insiste em cantar meio que no falsete o tempo todo, acho que o sonho dele era ser uma espécie de Geddy Lee, só que a voz dele não era tão forte quanto. Tem horas que ele soa como um gato no cio. Infelizmente, o trabalho vocal torna a audição cansativa. Essa é mais uma banda que se tivesse contratado um cantor (quem canta aqui é o guitarrista), poderiam ter ido mais longe. Interessante, mas cansa um pouquinho. Faixas de destaque: “Darkness, Darkness” e “Reminiscing”. Recomendado aos fãs de Budgie e Humble Pie.

Ronaldo: Material de arquivo de uma obscura banda inglesa ativa durante os pesados anos iniciais da década de 70. Seguindo a cartilha do nascente hard/heavy rock da época, o disco e a banda tem lá seus bons momentos – há bons riffs e algumas levadas sacolejantes, tão típicas do rock pesado da época, que não negava um swingue. Porém, as músicas soam apressadas e as ideias ensanduichadas em músicas curtas. Soa como uma banda que precisava de um bom produtor para aparar as arestas, mas que decidiu fazer as coisas ao estilo “do it yourself”. Os vocais se concentram muito nos agudos, com excessos de vocais dobrados; também há a impressão de que a banda quis ousar um bocado e tocar coisas mais complexas musicalmente do que era capaz de executar com segurança, já que é nítido algumas momentos de imprecisão entre a bateria e as guitarras. Fico imaginando o que algumas dessas músicas poderiam se tornar caso músicos do naipe de Cozy Powell, Roger Glover ou Mick Box estivessem envolvidos. A banda tinha criatividade, mas faltou pista e torre de controle para o avião decolar.


Hanson – Now Hear This [1973]

Mairon: Lembro até hoje de quando um amigo meu chegou e me falou: “Cara, tu já ouviu Hanson?”. Ri, gargalhei, e debochei com a pergunta, e então esse meu amigo falou: “Senta aí e ouve, duvido tu continuares rindo”. Para minha sorte, ele nunca tinha ouvido “Mmmbop”, e falava especificamente de uma talentosa banda inglesa que fez um dos grandes sons da década de 70 em seus dois únicos álbuns. Now Hear This é a estreia do quarteto comandado pelo genial guitarrista e vocalista Junior Hanson, e que estreia. “Love Knows Everything” é uma canção bem diferente no repertório, até por que é a única que conta com uma formação diferente das demais, sendo uma faixa dançante e com a guitarra de Hanson comandando o baile. No mais, é uma sonzeira raiz. Se quiser entender o que é Now Hear This, pule direto para os magníficos dez minutos instrumentais de “Smokin’ To The Big “M”, daquelas faixas que não tem explicação, onde a inspiração brota em cada segundo do sulco do vinil, e só o que resta é curtir. Ou então, deixe rolar desde o início, e duvido que você se segure com os embalos de “Traveling Like A Gypsy”, sonzeira para deixar a Family Stone com um sorriso nas orelhas. Uma obra que possui um baixo tão gingado quanto o de Clive Chaman em “Gospel Truth” com certeza necessita de uma atenção especial. Adoro muito a sensualidade do órgão de Jean Roussel e da guitarra em “Catch That Beat”, “Rain” e “Take You Into My Home”, essas últimas com solos sensacionais de guitarra. Até Chris Wood (flauta) da o ar da graça em “Mister Music Maker”, baladaça para se agarrar na companheira no próximo dia 12, e curtir junto a um bom vinho. O som possui forte influência funk, com elementos de hard, algo mais pop aqui e acolá, umas pitadas de psicodelia, e é agradável do início ao fim, com diversas partes dignas de nota dez. Lembra muito Trapeze pós-Glenn Hughes. Mais uma daquelas obscuridades que começaram a surgir ao mundo graças aos MP3s da vida. Como curiosidade final, Neil Murray participou como baixista da banda no álbum seguinte, tão bom quanto esse!!!

André: Outro disco muito bom desta lista. Fazem um som mais funkeado e muito, mas muito legal. A flauta em “Mister Music Maker” me soa como se o Jethro Tull fosse dar um passeio nas comunidades afro-americanas da década de 60. Junior Marvin é um guitarrista muito conceituado lá no Reino Unido (embora seja jamaicano, fez praticamente toda a sua carreira lá). Mairon me lembrou que eu preciso tirar um tempo para me aprofundar na sonoridade de bandas como Funkadelic, Parliament e Sly & The Family Stone.

Davi: “Hmmm-bop-dia-badiu-ba-ieeee-iee”. Brincadeira! Esse é um outro Hanson. Liderado pelo guitarrista jamaicano Donald Hanson Marvin Kerr Richards Jr, ou simplesmente Junior Marvin, o rapaz até hoje é lembrado pelo trabalho que realizou ao lado de Bob Marley nos The Wailers, mas seu currículo vai mais além. Ele era um daqueles guitarristas que todo mundo estava de olho na época. Já ouvi dizer que quando se juntou ao Wailers, ele teve que optar entre ir tocar com Bob Marley ou ir para a banda de Stevie Wonder. É mole? Não preciso dizer que o trabalho de guitarra aqui é bom, né? Bastante influência de Hendrix, um ‘q’ de Santana. Os garotos faziam um som bem interessante aqui mesclando a sonoridade blues-rock com a pegada do funk, basicamente. Há bastante daquele sentimento de ‘jam’, portanto, os músicos de plantão irão se deliciar com essa audição, especialmente na faixa que fecha o álbum, “Smokin´ To Big M”. Minhas preferidas, contudo, ficam por conta de “Traveling Like a Gipsy”, “Catch That Beat” e “Gospel Truth”. Álbum muito bacana.

Ronaldo: Banda inglesa, que orbitava em torno do guitarrista e vocalista Junior Marvin’s Hanson, e que executava uma música 100% norte-americana. O som é absolutamente baseado na ala mais sofisticada do funk/soul produzido nos EUA, com muito destaque para a parte instrumental. Há qualidade musical e grooves lancinantes em todas as faixas de Now Hear This, o primeiro álbum da banda. O baixista Neil Murray (famoso posteriormente por ter tocado com Black Sabbath, Whitesnake, Colosseum II, dentre outros), fez parte da segunda formação da banda. “Gospel Truth” é um dos principais destaques, com sua batida contagiante e excelentes passagens de teclados e guitarras. 


The (Original) Iron Maiden

6 comentários sobre “Ouve Isso Aqui: O nome é o mesmo, mas a sonoridade, quanta diferença

  1. “Segundo e último álbum desse primeiro Skid Row.”

    Na verdade, a banda teve três lançamentos póstumos (Alive and Kickin’, Skid Row e Gary Moore/Brush Shiels/Noel Bridgeman)

    Também houve um retorno em 2012, com Bon Jovi Never Rang Me, um CDR que virou raríssimo hoje em dia

  2. Legal a matéria.
    Aí vai uma sugestão: Thundermother.
    Tem a banda sueca de hard rock, que lançou discos recentes e tem a banda inglesa de rock psicodélico com pitadas de blues, que gravou um discaaaaaaaaaaaaço em 1971 chamado No Red Rowan. Vale até uma resenha pra esse album.

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