Direto do Forno: Barren Earth – A Complex of Cages [2018]

Direto do Forno: Barren Earth – A Complex of Cages [2018]

Por André Kaminski

Lá por volta de 2007, o baixista dos finlandeses do Amorphis Olli-Peka Laine estava reparando que algumas das canções que estava compondo para o Amorphis estavam soando bem diferentes do que a banda costumava lançar. Querendo um espaço próprio para lançar estas composições, Olli chamou alguns amigos músicos finlandeses de bandas famosas para lançarem um disco com essas composições. O projeto acabou virando uma nova banda e o Barren Earth está aí desde 2007. Este que resenho já é o quarto disco da banda.

O estilo em que a banda toca é um tanto quanto estranho de definir. A base é um melodic death metal, bem comum vindo de várias bandas nórdicas. Porém, há também uns toques de metal progressivo e os vocais que variam do limpo ao gutural, parecem interpretar as letras de uma forma parecida com as bandas de folk metal. Para quem lê isso, parece soar estranho porque a forma como o vocalista das Ilhas Faroé Jón Aldará canta as partes limpas é toda pomposa e poética. É como se de repente no Kamelot antigo, o Roy Khan resolvesse cantar várias de suas músicas com guturais.

Sami Yli-Sirniö (guitarras), Marko Tarvonen (bateria), Anti Myllynen (teclado), Olli Pekka-Laine (baixo), Janne Pertillä (guitarras). Abaixo: Jón Aldará (vocais)

A banda é composta pelo já citado Jón Aldará (vocais), Janne Perttilä (guitarras), Sami Yli-Sirniö (guitarras, atualmente também toca no Kreator), Anti Myllynen (teclados, Azgaroth), Olli-Peka Laine (baixo, Amorphis) e Marko Tarvonen (bateria, Moonsorrow). Como podem reparar, seus integrantes vem de diversas bandas importantes da cena underground europeia.

O disco tem mais de uma hora e possui nove faixas das quais eu destacaria cinco que irei comentar aqui de forma mais detalhada. O disco inicia com “The Living Fortress” em que uma guitarra bastante melódica divide o posto com outra que desce nos riffs pesados e Jón Aldará fazendo suas diversas alternâncias entre vocal limpo e gutural. É uma canção muito progressiva, como se o Symphony X de repente se fundisse com o Amon Amarth. Uma tonalidade folk dada pelos teclados fazendo o som de uma flauta e uma pequena desplugada das guitarras também se faz presente e de forma curiosa. “The Ruby” ganhou até videoclipe. Porém, eu confesso que não entendi o porquê de aparecer uma mulher com uma roupa cybergótica segurando o que parece ser um fígado ensanguentado no vídeo junto da banda tocando. Mas né, tirando esses detalhes, a canção segue uma linha próxima da anterior com um melodeath progressivo exceto pela parte folk.

“Further Down” aposta mais na pegada progressiva e o gutural é mais presente que o limpo. Há muitas variações rítmicas. Teclados também muito enfatizados na produção dessa faixa. “Solitude Pith” é uma longa faixa de 10 minutos parecendo quase uma semi-balada. Mais lenta e reflexiva, os riffs pesados na metade da canção deixam o clima lembrando até algo do doom. Mas da metade final, os riffs aceleram e o progressivo impera. “Spire” se destaca em ótimos solos de guitarra, algo pouco explorado no disco em si. Tirando “Dysphoria” que é uma música bem comum e com melodias recauchutadas de canções anteriores, o restante do disco mantém um bom nível ainda contando com o mix de metal progressivo e melodeath que aparece no disco todo.

No saldo geral, um ótimo disco. Pode ser que dê as caras em minha lista de Melhores do final do ano. É uma sonoridade que vale a pena conhecer, mas já adianto que os vocais podem causar estranheza. Mas vai de gosto. Eu confesso que tenho um olhar diferente para alguns vocais incomuns. O Barren Earth é um exemplo que me causou ótima impressão.

  1. The Living Fortress
  2. The Ruby
  3. Further Down
  4. Zeal
  5. Scatterprey
  6. Solitude Pith
  7. Dysphoria
  8. Spire
  9. Withdrawal

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