Cinco Discos para Conhecer: Ian Gillan

Cinco Discos para Conhecer: Ian Gillan

Por Igor Miranda (Publicado originalmente no site vandohalen.com)
Ian Gillan não é conhecido como o Silver Voice à toa. Um dos vocalistas mais influentes da história, sempre será lembrado graças ao Deep Purple, além do carinho especial do público em relação a sua rápida passagem no Black Sabbath. Mas a carreira não se resume a isso. Portanto, selecionamos alguns momentos que merecem ser ouvidos dessa história.
Deep Purple – In Rock [1970]
Apesar de sua estréia ter acontecido no megalômano Concerto For Group and Orchestra, Ian Gillan foi recrutado pelo Deep Purple com a proposta de ajudar a banda a se adaptar a um som mais pesado. Quem já conhecia o grupo pelos trabalhos anteriores, deve ter tomado um susto quando a bomba atômica chamada “Speed King” explodiu nos alto-falantes. Música que honra o nome, com sua velocidade brutal – para os padrões da época – e que traz um cantor se esgoelando como um maníaco. De causar calafrios nos mais puritanos. Mas ela nem chegava perto do impacto que causaria “Child In Time”, épico com mais de 10 minutos, tendo como tema base a Guerra Fria. Aqui, Gillan mostra toda sua categoria, interpretando um dos momentos mais sublimemente dramáticos da história do Rock. A música acabou gerando polêmica por sua semelhança com “Bombay Calling”, da banda It’s A Beautiful Day. E realmente, são quase gêmeas em suas estruturas. Outros destaques vão para os grooves de “Bloodsucker” e “Into The Fire”, além do clássico “Black Night”, que foi lançada como single e não estava presente na versão original, sendo incluída em relançamento posteriores.
Ian Gillan (vocals), Ritchie Blackmore (guitarras), Roger Glover (baixo), Jon Lord (teclados), Ian Paice (bateria)
1. Speed King
2. Bloodsucker
3. Child In Time
5. Into The Fire
6. Living Wreck
7. Hard Lovin Man
8. Black Night
Deep Purple – Made In Japan [1972]
Originalmente, sou contra colocar álbuns ao vivo nesse espaço, já que a idéia é privilegiar as criações, não apenas as reproduções. O negócio é que aqui a coisa é muito diferente do habitual. Um show do Deep Purple aquela época era imprevisível para todos os envolvidos, incluindo aí os próprios músicos. E o que a banda fez em sua primeira turnê japonesa, escorada pelo estrondoso sucesso do imortal Machine Head, beira o inacreditável. Ainda bem que tudo foi registrado e lançado para o mundo conferir, naquele que se tornaria um dos live mais importantes da história da música. Se as performances já eram animalescas em estúdio, ao vivo ganharam aquele plus necessário. O início arrasa-quarteirão com “Highway Star” é capaz de causar estragos irreparáveis – e não há como não cantarolar as melodias criadas por Blackmore em seu instrumento. “Child In Time”, que já causava calafrios em sua versão original, pode provocar reações ainda mais danosas, já que aqui Gillan solta ainda mais a garganta, como nunca conseguiu posteriormente. E a dupla de inimigos preferidas do Rock faz e acontece ao brincar com as melodias em “Strange Kind Of Woman”. Para fechar, “Space Truckin’” em sua redenção definitiva. Básico em qualquer discoteca.
Ian Gillan (vocals), Ritchie Blackmore (guitarras), Roger Glover (baixo), Jon Lord (teclados), Ian Paice (bateria)
1. Highway Star
2. Child In Time
4. The Mule
6. Lazy
7. Space Truckin
Ian Gillan Band – Clear Air Turbulence [1977]
Após sair do Deep Purple, Ian tirou alguns anos para cuidar de outras atividades, no ramo da hotelaria e corrida de motocicletas. Mas logo o amor pela música falou mais alto e ele acabou voltando ao seu habitat natural. No entanto, a Ian Gillan Band trazia substanciais diferenças em relação ao estilo que o consagrou. O grupo apostava em uma sonoridade com influências mais próximas do Jazz, até mesmo com alguns toques de Fusion. Junto ao dono do microfone, estavam grandes músicos, como o exímio tecladista Colin Towns e o baterista Mark Nauseef, oriundo do ELF, estabelecendo aquela conexão com a “família Purple”. Clear Air Turbulence é o segundo lançamento da banda. Enquanto no anterior (Child In Time) a produção havia ficado a cargo de Roger Glover, dessa vez os próprios integrantes do conjunto assumiram o comando dos botões. Apesar de poder soar um tanto quanto ousado junto aos mais conservadores, o disco conta com grandes momentos. A faixa-título traz um groove muito bacana, assim como “Over The Hill” enquanto “Money Lender” resgata uma pegada mais roqueira. O álbum, assim como todos dessa fase, fracassou na Europa e nos Estados Unidos. Mas os fãs japoneses até hoje cultuam essa fase da carreira de Ian. Com méritos, já que, apesar de fugir do tradicional, trata-se de um grande momento.
Ian Gillan (vocals), Ray Fenwick (guitarras), John Gustafson (baixo), Colin Towns (teclados), Mark Nauseef (bateria)
1. Clear Air Turbulence
3. Money Lender
4. Over The Hill
5. Goodhand Liza
6. Angel Manchenio
Gillan – Future Shock [1981]
Com os resultados abaixo do esperado, não demorou a Ian voltar de vez ao Rock. Para isso, abreviou o nome da banda, que ficou apenas com seu sobrenome, além de realizar uma grande mudança na formação, ficando apenas Colin Towns. Na guitarra, Bernie Tormé, que sairia após a gravação deste álbum para explorar novos caminhos. Na turnê de divulgação, Janick Gers (Iron Maiden) assumiria o posto. Completavam o grupo o grande (literalmente) John McCoy no baixo e Mick Underwood nas baquetas. Novo time, velha sonoridade, mas com novos elementos agregados ao clássico, já que vivíamos o auge da NWOBHM. Mostrando que o momento era inspirado, a banda acerta a mão em sonzeiras como a faixa-título, a hoje clássica “No Laughing In Heaven” e a cacetada certeira de “Bite The Bullet”. Um momento mais introspectivo surge em “If I Sing Softly”, iniciada por um belo violão. A repaginada deu resultado e o público ocidental foi plenamente recuperado, com direito a posto de headliner no tradicional Reading Festival daquele ano – que aliás, foi dominado pelo Heavy Metal. Ian Gillan fazia definitivamente as pazes com aquilo que sempre soube fazer de melhor.
Ian Gillan (vocals), Bernie Tormé (guitarras), John McCoy (baixo), Colin Towns (teclados), Mick Underwood (bateria)
1. Future Shock
2. Night Ride Out Of Phoenix
4. No Laughing In Heaven
5. Sacre Bleu
6. New Orleans
7. Bite The Bullet
8. If I Sing Softly
9. Don’t Want The Truth
10. For Your Dreams
Black Sabbath – Born Again [1983]
Amado e odiado outrora. Adorado por muitos nos tempos atuais. O impacto da reunião de Ian Gillan com o Black Sabbath foi muito maior que simplesmente no aspecto musical. O vocalista de uma das pedras fundamentais do som pesado se juntando a outro grupo da mesma época dava um fio de esperança que Tony Iommi e companhia não sucumbiriam de vez após a saída de Ronnie James Dio. Junto, voltava o baterista Bill Ward, retomando o posto ocupado por Vinny Appice. Quem não gostou muito da idéia foram os empresários do Deep Purple, que já planejavam uma reunião para aquele ano. Com um clima extremamente sombrio e performance inspirada de Gillan, Born Again é um marco na carreira de todos os envolvidos. O próprio vocalista renegou o trabalho por muitos anos, especialmente pelos aspectos técnicos. Mas o fato é que trata-se de um grande álbum, que já começa mostrando sua força em “Trashed”, que figura entre os clássicos da história da banda. Outros grandes sons como a faixa-título, “Disturbing The Priest” e “Digital Bitch” – homenagem encomendada pelo empresário Don Arden para sua filha, Sharon Osbourne – fazem a alegria dos adeptos, com um desempenho de Ian que transita entre o genial e o aterrorizante.
Ian Gillan (vocals), Tony Iommi (guitarras), Geezer Butler (baixo), Bill Ward (bateria)
1. Trashed
2. Stonehenge
3. Disturbing The Priest
4. The Dark
5. Zero The Hero
6. Digital Bitch
7. Born Again
8. Hot Line

9 comentários sobre “Cinco Discos para Conhecer: Ian Gillan

  1. Clear Air Turbulence é um dos melhores trabalhos da carreira de Gillan, se não o melhor. Essa fase da carreira solo de Gillan é muito boa, mas o resto, causa pena. Born Again é impecável, uma aula de composições excelentes. Um grande vocalista, mas que hoje, está mais para vovô do que para cantor.

    1. Eu adoro o Gillan, assisti a um show do purple em 1996 em Curitiba e até chorei, mas tenho que reconhecer que já naquela época a voz dele já estava bem aquem do Gillan dos anos setenta, hoje em dia nem se fala. Eu acho que o Gillan deixou o resto de sua voz no Born Again com o Sabbath

  2. Nunca me empolguei muito com a carreira solo de Gillan, seja em que fase for. Mas os outros citados são, sem exceção, clássicos a serem cultuados pelas futuras gerações! Só para criar polêmica, assumo que Born Again é o meu álbum favorito do Sabbath (depois de alguns com Ozzy, claro), ficando à frente até mesmo dos gravados com Dio! Grande lista!

    1. Born Again é um grande álbum, mas melhor q Heaven And Hell, Mob Rules e Dehumanizer é piada!!!!

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