Direto do Forno: Forbidden – Twisted Into Form [1990]

Direto do Forno: Forbidden – Twisted Into Form [1990]
Por Diogo Bizotto
O ano passado reservou o relançamento, através da Shinigami Records, dos dois primeiros álbuns daquele que é um dos principais nomes da segunda leva de bandas norte-americanas de thrash metal, o Forbidden. Enquanto o debut, Forbidden Evil (1988), privilegia uma grande dose de agressividade, unida ao talento natural de músicos ávidos por mostrar serviço, explorando as características que tornaram famosas as bandas da Bay Area (Califórnia) durante os anos 80, o segundo registro, Twisted Into Form, exibe o crescimento técnico do quinteto, expresso na forma de um thrash metal mais cadenciado e melódico, rico em composições que exploram mudanças de andamento e a capacidade de criar riffs intrincados.
Desde a apresentação de uma introdução acústica instrumental, “Parting of the Ways”, o Forbidden já deixa bem claro que seu segundo disco é ambicioso. Após seu final, a entrada de “Infinite” exibe a capacidade dos guitarristas Craig Locicero e Tim Calvert (que substituiu Glen Alvelais em 1989), na criação de riffs cadenciados e de licks e solos de bom gosto. Outro que mostra serviço é o baterista Paul Bostaph, unindo a força de um trator com a precisão de um relógio suíço. Não à toa, Bostaph seria convidado a se juntar ao Slayer anos depois, assim como Locicero seria integrante do Death durante a turnê para o álbum Individual Thought Patterns (1993), executando linhas criadas por guitarristas da estirpe de Andy LaRocque e Paul Masvidal.

Forbidden em 1990

Em raros momentos o ritmo verdadeiramente patrolante dá trégua. Esse definitivamente não é o caso de “Out of Body (Out of Mind)” e especialmente do clássico “Step By Step”, um convite à interação, perfeita para ser executada ao vivo e levar os thrashers à loucura, agitando insanamente e balançando a cabeça em todas as direções possíveis. Russ Anderson pode não ser um vocalista tão talentoso e marcante quanto caras como Chuck Billy (Testament) e James Hetfield (Metallica), mas faz seu trabalho com personalidade e não soa parecido com nenhum de seus contemporâneos, inclusive apresentando a capacidade de trabalhar com registros mais agudos, como no refrão da faixa-título.

A criação de bons riffs de guitarra é, definitivamente, o ponto forte do Forbidden, e isso fica cada vez mais claro no decorrer do track list. Mesmo quem não simpatiza com músicas do porte de “R.I.P.” e “Tossed Away” pelos mais diversos motivos, deve ao menos admitir a capacidade de Craig e Tim em executar riffs cativantes, que não deixam dúvida sobre a capacidade técnica dos guitarristas, que casa perfeitamente com o estilo triturador de Paul Bostaph. A cadenciada “One Foot in Hell” é um ótimo fechamento para um álbum que dá pouquíssimo descanso para o pescoço.

Como bônus, neste relançamento estão incluídas as faixas presentes no EP Raw Evil: Live at the Dynamo. Como o nome indica, suas quatro músicas foram registradas ao vivo no extinto festival holandês, em 15 de maio de 1989, ainda contando com Glen Alvelais na segunda guitarra. O track list pode ser curto, mas é intenso: nele constam três rápidas e violentas canções extraídas de Forbidden Evil: sua faixa-título, “Through Eyes of Glass” e a matadora “Chalice of Blood”, belo cartão de visitas do grupo, dado que é a música que abre o primeiro álbum. Além disso, também consta do track list um cover para uma das melhores canções de uma das mais importantes bandas do heavy metal, “Victim of Changes”, do Judas Priest. É nela que o vocalista Russ Anderson mostra de vez seu valor, encarando os agudos registrados pelo inigualável Rob Halford.

O Forbidden pode não ter atingido o mesmo sucesso de alguns de seus contemporâneos, mas isso não quer dizer que a banda deva ser relegada a um segundo plano. Pelo menos em seus primeiros registros, o thrash metal técnico, suingado e cativante praticado pelo quinteto tem tudo para conquistar ouvidos exigentes, sedentos por uma avalanche de riffs capaz de causar torcicolo nos pescoços mais resistentes. Twisted Into Form talvez seja a melhor entrada rumo ao universo desses californianos.

Track list:


Twisted Into Form

1. Parting of the Ways
2. Infinite
3. Out of Body (Out of Mind)
4. Step By Step
5. Twisted Into Form
6. R.I.P.
7. Spiral Depression
8. Tossed Away
9. One Foot in Hell

Raw Evil: Live at the Dynamo

10. Victim of Changes
11. Forbidden Evil
12. Chalice of Blood
13. Through Eyes of Glass

Um comentário em “Direto do Forno: Forbidden – Twisted Into Form [1990]

  1. Sabe aquela sensação frustrante de ter dormido enquanto o melhor estava acontecendo? É justamente o que senti quando conheci o som desses caras. PQP!
    Tudo bem, concordo que o lugar ao Sol da vertente é um dos mais inalcançáveis possíveis, é proporcional a uma Premier League, se é que a analogia é válida.
    Puta som! Muita técnica, nem por menos se torna chato, pelo contrário, bastante empolgante, de bater cabeça até o pescoço ser esquecido.
    Perdi tempo, porém, feliz por tê-los encontrado no caminho!

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