DVD: Echo and the Bunnymen – Live in Liverpool [2002]

DVD: Echo and the Bunnymen – Live in Liverpool [2002]



Por Micael Machado

Surgido na mesma Liverpool dos Beatles, o grupo Echo and the Bunnymen foi um dos maiores nomes dos anos 80 do século passado na música mundial, emplacando diversos hits nas paradas – pelo menos na Inglaterra, pois no resto do mundo, apesar de incensados pela crítica e tendo um culto fiel de fãs, o quarteto é conhecido praticamente apenas pela canção “The Killing Moon”, um dos mais marcantes sucessos daquela época. Após uma separação em 1988, o grupo voltou a tocar junto em 1997, mantendo uma carreira constante desde então.
Um dos álbuns registrados após a volta foi Flowers, de 2001, que teve dois dos shows de sua turnê de divulgação (em agosto daquele ano) registrados para a posteridade e compilados neste DVD, gravado na cidade natal da banda, no Auditório Paul McCartney do Instituto de Performances Artísticas de Liverpool.
Na época, o grupo já contava apenas com o vocalista Ian McCulloch e o guitarrista Will Sergeant da formação original. Completavam o time o baixista Steve Flett, o guitarrista Ged Malley, o tecladista Ceri James e o baterista Vinny Jameson. Contudo, como os grandes destaques do grupo sempre foram a voz lúgubre de Ian e as melodias das cordas de Will (pelo menos para mim), essa formação descaracterizada não é nenhum problema.
O grupo no palco do Paul McCartney Auditorium do Liverpool Institute for the Performing Arts
O show é uma alegria só para os fãs do Echo e seus Coelhomens. A começar pelo excelente set list, que é aberto pela clássica “Rescue” (com um segmento no meio da faixa que lembra muito o The Doors), e segue focando nas canções do passado glorioso do grupo, como “Lips Like Sugar“, “Bring On The Dancing Horses“, a citada “The Killing Moon” e “Seven Seas“, que felizmente são tocadas sem maiores mudanças nos arranjos originais. Poucas são as intervenções das músicas novas à época, as quais, surpreendentemente, foram muito bem escolhidas: “King of Kings”, “Buried Alive”, “Flowers” e “An Eternity Turns“. Além disso, ainda aparecem alguns registros mais obscuros do repertório dos ingleses, como “All That Jazz”, “The Cutter“, “Silver” e “Villiers Terrace”, uma de minhas preferidas dentre sua discografia.
Outro motivo de alegria são os diversos efeitos visuais, que incluem videoclipes com cenas do cotidiano do grupo nos anos 80 projetados no telão, inclusive com muitas imagens do saudoso baterista Pete de Freitas, falecido em 1989. Esses efeitos, apesar de muito interessantes, por vezes acabam prejudicando o telespectador, ao ficarem em primeiro plano na imagem do DVD, o que não é em nada ajudado pela intensidade da névoa de gelo seco que cobre o palco e pelo clima predominantemente escuro durante o espetáculo, algo tradicional nos shows do grupo, coisa que quem já teve a oportunidade de os assistir ao vivo, como eu, pode comprovar. Além disso, não há legendas ou extras, o que é sempre lamentável.
Entre os vários cigarros que fuma ao longo do show – soltando baforadas entre os versos e chutando as bitucas dos mesmos pelo palco todo -, Ian mostra que ainda possui a mesma voz que o consagrou como um dos melhores vocalistas de sua época. Se no passado ele ainda fazia as vezes de segundo guitarrista do grupo, há tempos ele prefere apenas nos brindar com seus belos vocais, ficando paradão na frente do microfone, usando sua jaqueta (em Porto Alegre, mesmo debaixo de um calor do cão, ele não a tirou em nenhum momento) e seus inseparáveis óculos escuros, mas, mesmo assim, atraindo para si todas as atenções.
Ian McCulloch
Já Will Sergeant pode não ser o guitarrista mais técnico do mundo (longe disso, aliás), mas seu estilo é ideal e suficiente para as músicas que cria para sua banda. Posicionado à direita do palco (esquerda de quem assiste), ele vai soltando riffs e solos que não negam a década de sua composição, mas também demonstram seu bom gosto e sua capacidade de criar belas melodias.
A magistral “Ocean Rain” encerra o show, e o DVD se completa com os clipes promocionais para “It´s Alright” e “Make Me Shine”, além de versões bônus de áudio para “Crocodiles” e a soturna “Zimbo”, gravadas ao vivo e com clipes montados com as imagens aquelas que foram projetadas durante o show.
Como disse, tive a oportunidade de conferir o grupo ao vivo em 2008, quando de sua passagem pelo Brasil, e posso afirmar que o clima do show foi exatamente o mesmo que este DVD passa a quem o assiste. Claro que estar presente in loco não é igual a assistir pela TV, mas pelo menos se tem ideia do que é ver ao vivo um dos grupos sobreviventes de uma década que, mesmo passados trinta anos, insiste em continuar viva! 
Capa do DVD  Live in Concert
Uma das coletâneas do grupo tem o nome “Canções para aprender e cantar”. Parafraseando essa sentença, diria que este DVD traz “canções para assistir e virar fã”, ou, dependendo da idade do espectador, “canções para assistir e se emocionar”. Esse show também foi lançado em CD (embora com bem menos músicas), e acaba de sair no Brasil com uma capa diferente e o título Live in Concert, em um daqueles arranjos que certos selos conseguem para lançar cada vez mais DVDs em nosso mercado. Se tiverem a qualidade deste e de alguns outros por aí, que continuem aparecendo! Altamente recomendável!

Track list:

1. Rescue
2. Lips Like Sugar
3. King Of Kings
4. Never Stop
5. Bring On The Dancing Horses
6. Seven Seas
7. Buried Alive
8. My Kingdom
9. All That Jazz
10. Eternity Turns
11. The Back Of Love
12. The Killing Moon
13. The Cutter
14. Altamont
15. Flowers
16. Villiers Terrace
17. Over The Wall
18. Nothing Lasts Forever
19. Silver
20. Angels and Devils
21. Ocean Rain
22. Crocodiles (bonus)
23. Zimbo (All My Colours) (bonus)
24. It´s Alright (Video)
25. Make Me Shine (Video)

6 comentários sobre “DVD: Echo and the Bunnymen – Live in Liverpool [2002]

  1. Eu ia escrever que o Echo And The Bunnymen é o melhor grupo que já surgiu em Liverpool, mas, como eu só lembro de duas bandas vindas de lá, não quis correr o risco de ter alguma melhor e eu não lembrar…

  2. Micael, se bem me lembro o Carcass também é de Liverpool, o que os torna a melhor banda local, heheheheh… Falando sério, conheço pouquíssimo do Echo and the Bunnymen, mas o que conheço é muito interessante. Ao contrário de tantos artistas, que têm como maior sucesso uma música com a qual sua carreira não é identificada com propriedade, às vezes causando certo grau de vergonha, Ian McCulloch e cia devem se orgulhar de ter uma música fantástica como "The Killing Moon" como seu maior hit.

  3. Você está certo quanto ao Carcass, Diogo. Agora a disputa ficou feia para ver qual a melhor…

    Se o Echo não tivesse voltado, ficaria com eles sem nem pensar… mas, como não curto os discos mais extremos do Carcass, mesmo com algumas tranqueiras pós 1997, ainda fico com os Coelhomens!

  4. Parabéns pelo belo texto, Micael! Conheço so uma coletânea do Echo, baixei alguns discos, mas tô esperando o momento certo pra ouvir. Agora, a motivação real pra eu escrever esse comment foi de saber o seguinte: quer dizer então que o Ian McCulloch usa luvas em maio?

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