Sargent D está vindo… e você está na lista! – Parte I

Sargent D está vindo… e você está na lista! – Parte I
 
Por Pablo Ribeiro
Em 1985, três quintos da formação original do Anthrax (o guitarrista Scott Ian, o baterista Charlie Benante – únicos integrantes “eternos” da banda – e o baixista Danny Lilker, que logo depois criaria o Nuclear Assault) fundaram, ao lado do vocalista Billy Milano, o grupo que tomou de assalto os mundos do hardcore e do heavy metal com seu crossover munido de letras repletas de humor negro e sarcasmo. O senso de humor bizarro dos caras começa já no nome da banda: “Stormtroopers of Death”, ou simplesmente “S.O.D.”, em referência aos famosos soldados imperiais da série de filmes “Guerra nas Estrelas”.
O primeiro disco, o clássico Speak English or Die, lançado no último mês de 1985, trazia – em sua edição original – 21 músicas em menos de 30 minutos. Entre as canções que embalaram rodas punk, manobras de skate e headbangings alucinados, está a dobradinha de abertura “March of the S.O.D.” / “Sargent D and the S.O.D.”, a faixa-título, “Chromatic Death”, “Milk” (essas duas últimas, posteriormente coverizadas pelo próprio Anthrax), e é claro, o hino do crossover “United Forces”, uma ode à união entre bangers, punks, e skinheads. Consta ainda “Ballad of Jimi Hendrix”, uma pérola do humor negro, onde, em míseros cinco segundos, após o riff inicial de “Purple Haze” (clássico de Hendrix), Milano decreta: “Você está morto!”
S.O.D. em 1985: Charlie Benante, Billy Milano, Scott Ian e Danny Lilker
O desfile de gentilezas líricas segue em altíssimo nível, com maravilhas como “Fuck the Middle East” (“foda-se o Oriente Médio / há problemas demais / sequestram nossos aviões / aumentam o preço do petróleo”), “Pre-Menstrual Princess Blues” (dispensa explicações), a “anti-poser” “Douche Crew” (“vocês se acham tão machos / aposto que vocês têm clitóris”) e a maravilhosa “Fist Banging Mania”, na qual Milano expressa seu ódio por todos os idiotas que, nos shows, preferem erguer os pulsos ao invés de bater cabeça. Justo! Essa maneira cândida e lúdica de encarar o mundo e a humanidade é, na verdade, a visão do tal de “Sargent D”, o personagem impresso na capa de Speak English or Die. Criado pelo guitarrista Scott Ian, Sargent D é um morto-vivo misantropo, sarcástico e dotado de um humor negro inacreditável. Tudo isso fervido em um caldeirão de hardcore, thrash metal e punk rock, pioneiro para a época, antes ainda do Slayer cuspir seu Reign in Blood (1986) e o Metallica jogar Master of Puppets (1986) nas paradas.
Como se os 30 minutos da edição original de Speak English or Die já não fossem suficientemente destruidores, em 2000 a Megaforce (então gravadora dos maníacos) lançou a edição de 15 anos da bolacha, que, além das 21 barbaridades originais, continha mais 12 faixas, incluindo nove ao vivo, gravadas no Japão no ano anterior. Obrigatório!!!
Música, letras e visual se completam perfeitamente nessa obra prima da porradaria, fazendo de Speak English or Die um clássico indispensável em qualquer coleção de música pesada que se preze!
Track list:
Edição comemorativa de Speak English or Die
1. March of the S.O.D.
2. Sargent D and the S.O.D.
3. Kill Yourself
4. Milano Mosh
5. Speak English or Die
6. United Forces
7. Chromatic Death
8. Pi Alpha Nu
9. Anti-Procrastination Song
10. What’s that Noise
11. Freddy Krueger
12. Milk
13. Pre-Menstrual Princess Blues
14. Pussy Whipped
15. Fist Banging Mania
16. No Turning Back
17. Fuck the Middle East
18. Douche Crew
19. Hey Gordy!
20. Ballad of Jimi Hendrix
21. Diamonds and Rust (Extended Version)
Faixas bônus da reedição de 2000:
22. Identity [Live in Tokyo, 1999]
23. Go [Live in Tokyo, 1999]
24. March of the S.O.D. / Sargent D and the S.O.D. [Live in Tokyo, 1999]
25. Kill Yourself [Live in Tokyo, 1999]
26. Milano Mosh [Live in Tokyo, 1999]
27. Speak English or Die [Live in Tokyo, 1999]
28. Fuck the Middle East / Douche Crew [Live in Tokyo, 1999]
29. Not / Momo / Taint / The Camel Boy / Diamonds and Rust / Anti-Procrastination Song [Live in Tokyo, 1999]
30. Milk [Live in Tokyo, 1999]
31. United Forces pt.I [Live in Tokyo, 1999]
32. United Forces pt.II [Live in Tokyo, 1999]
33. Ram It Up [Unlisted Studio Track]
O S.O.D. encerrou suas atividades após o término da turnê em suporte de Speak English or Die, mas Sargent D retornaria brevemente para um show e mostraria sua cara feia novamente, desta feita em Live at Budokan (1992). Contendo a maioria das faixas mais longas de Speak English or Die, o disco foi gravado ao vivo no The Ritz, em Nova York, e não no Japão, como o título e a capa (onde um Sargent D gigante apavora a japonesada, no melhor estilo toscão/bacana Godzilla) ironicamente indica. Live at Budokan também inclui covers de Ministry, Nirvana, Fear e do M.O.D., grupo que Billy Milano formou em 1986. A qualidade de gravação de vez em quando deixa a desejar, mas isso não prejudica em absolutamente nada, uma vez que a energia do show é soberba. Para os mais interessados, vale a pena correr atrás da versão japonesa do play, que inclui “United and Strong” (cover do Agnostic Front) e “baladas” para Jim Morrison e Freddie Mercury, não encontradas nas edições internacionais.
Live at Budokan não é fundamental como Speak English or Die, nem tem o mesmo impacto, mas, como registro, é muito legal.
Track list:
1. March of the S.O.D.
2. Sargent D and the S.O.D.
3. Kill Yourself
4. Momo
5. Pi Alpha Nu
6. Milano Mosh
7. Speak English or Die
8. Chromatic Death
9. Fist Banging Mania
10. The Camel Boy
11. No Turning Back
12. Milk
13. Vitality
14. Fuck the Middle East
15. Douche Crew
16. Get a Real Job
17. The Ballad of Jimi Hendrix
18. The Ballad of Jim Morrison [Faixa bônus japonesa]
19. The Ballad of Freddie Mercury [Faixa bônus japonesa]
20. Livin’ in the City
21. Pussy Whipped
22. Stigmata
23. Thieves
24. Freddy Krueger
25. United and Strong [Faixa bônus japonesa]
26. Territorial Pissings
27. United Forces

Um comentário em “Sargent D está vindo… e você está na lista! – Parte I

  1. Não hesito em dizer que, além de um disco matador, "Speak English or Die" é um dos álbuns mais influentes no som pesado oitentista. O senso de humor e o clima de que trata-se apenas de uma grande diversão fazem dele melhor ainda, sem frescuras. E ah, a versão da faixa título registrada em "Live at Budokan" é coisa de louco, contando com um trecho de "Raining Blood" (Slayer) no meio…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.