The Spirit Carries On: a bateria do Dream Theater sob os olhos de um fã

The Spirit Carries On: a bateria do Dream Theater sob os olhos de um fã
Dream Theater com o novo baterista, Mike Mangini, primeiro à esquerda



Por Thiago Reis

Tudo começou na noite de 8 de setembro de 2010, quando estava me preparando para dormir. Tudo parecia normal, mas uma mensagem recebida via celular mudaria aquela noite. A mensagem, enviada por uma grande amiga, dizia que Mike Portnoy havia saído do Dream Theater. Pensando se tratar de uma brincadeira, fui procurar na internet notícias a respeito do assunto.
Era verdade o que minha querida amiga Stephanie havia relatado na mensagem. Quem vos escreve caiu em lágrimas e não conseguia entender o porquê pelo qual Mike Portnoy, fundador de uma das bandas mais bem sucedidas do heavy metal na atualidade, baluarte do prog metal, saiu sem muitas explicações claras. 
Mike Mangini

Nos meses que se passaram, fui tentando decifrar o que se passava na cabeça de Mike Portnoy. Sua participação como baterista do Avenged Sevenfold me ajudou a tirar algumas conclusões. O músico não queria mais aquele clima de escritório no qual o Dream Theater estava imerso,  cansado das várias turnês e  das seguidas sessões de gravação. Substituir o recentemente falecido The Rev em alguns shows, alem de uma grande homenagem, foi um alívio para Portnoy, que pôde desfrutar de bons momentos ao lado dos garotos. 

No entanto, o Dream Theater não estava disposto a parar ou esperar pela boa vontade de seu co-fundador. Um mês após a bombástica notícia, o grupo recrutou sete dos principais bateristas em todo o mundo mundo para testes. Hoje é mais do que sabido quais foram os escolhidos, mas na época vivíamos apenas de especulações. 
Derek Roddy

Avançando um pouco no tempo, chegou o dia no qual a gravadora Roadrunner Records, junto com a Over the Edge Productions, soltou na internet um trailer do que viria a ser um documentário que havia registrado as audições dos bateristas a fim de substituir Mike Pornoy. Lá estavam presentes Mike Mangini (Steve Vai, Extreme, Annihilator), Derek Roddy (Hate Eternal, Nile, Malevolent Creation), Aquiles Priester (Hangar, Angra), Thomas Lang (stOrk, John Wetton, Robert Fripp), Marco Minnemann (Paul Gilbert, Kreator, Necrophagist), Virgil Donati (Steve Vai, Planet X) e Peter Wildoer (Darkane, Pestilence, Arch Enemy). Como podemos ver, apenas a nata dos grandes bateristas de heavy metal e de progressivo foram escolhidos.

Thomas Lang

Mike Mangini abriu os trabalhos executando as linhas de Portnoy de maneira perfeita e com uma tranquilidade absurda. De cara já ganhou o destaque dos quatro membros do Dream Theater. O segundo a ser avaliado foi Derek Roddy, um baterista com um estilo um tanto diferente do da banda, que encontrou algumas dificuldades em um segmento do teste. Esse foi um dos motivos por não ter sido o escolhido. 

Vale ressaltar que a avaliação consistia em tocar três músicas pré-selecionadas (“A Nightmare to Remember”, “The Dance of Eternity” e “The Spirit Carries On”); em uma jam, livre; e em um segmento onde, a partir de um riff previamente criado pelo guitarrista John Petrucci e de um andamento quebrado sugerido pelo grupo, o candidato deveria “se virar” e, o mais rápido possível, construir um bom acompanhamento para o tal riff. 
Virgil Donati

Seguindo com as avaliações, o terceiro a ser julgado foi o austríaco Thomas Lang. Não conhecia seu trabalho e fiquei realmente impressionado, principalmente com o segmento dos riffs. Na execução das músicas do Dream Theater Thomas foi bem, mas os membros da banda deixaram claro que não queriam improvisações. Na verdade, quanto mais próximas da versão do disco as músicas soassem, melhor. Essa razão pesou bastante para que Thomas não tivesse sido o escolhido para o posto. 

Marco Minnemann

O subsequente foi Virgil Donati, um dos bateristas mais talentosos do mundo. Sua habilidade e seu jeito de tocar impressiona, assim como sua capacidade em pegar rápido as ideias e transformá-las em música. Gostei muito de sua apresentação. Logo após veio Marco Minnemann, demonstrando alegria, habilidade e facilidade em executar as músicas, além de muito carisma. Fosse Marco o selecionado,  certamente não reclamaria nem um pouco. 

Aquiles Priester

Chegado o último dia de audições, ainda faltavam dois bateristas para ser avaliados. O dia começou com Aquiles Priester, que inclusive teve problemas em relação a seu visto para adentrar os Estados Unidos e quase não conseguiu chegar a tempo do teste. Aquiles aparentou estar bem nervoso e errou logo em “The Dance of Eternity”. Isso não significa que o músico tenha sido mau sucedido, até porque John Petrucci, Jordan Rudess e James Labrie demonstraram muito respeito pelo que Aquiles fez e pelo esforço em estar ali. De uma audição que durou mais ou menos duas horas, foram exibidas as partes  mais capitais da apresentação de Aquiles e, infelizmente, para ele o segmento mais importante foi o erro em uma das faixas pré-selecionadas. Mesmo assim, Aquiles está de parabéns por ter sido um dos sete selecionados entre uma grande quantidade de bateristas talentosos que poderiam ter sido escolhidos. 

Peter Wildoer

O último a ter realizado o teste foi o sueco Peter Wildoer, escolhido por ter sido responsável pelas baquetas no último álbum solo de James Labrie, Static Impulse (2010). Peter se deu bem, tanto é que a decisão final ficou entre ele, Marco Minnemann e Mike Mangini. Após muitas reuniões, quem ficou com a vaga foi o baterista que mais demonstrou vontade de fazer parte do Dream Theater, que viu aquilo como mais que um projeto, um estilo de vida. Estou falando de Mike Mangini. O músico fez por merecer e fará um grande trabalho no grupo.

O ano de 2011 reserva muitas ótimas surpresas para os fãs do Dream Theater, com grandes esperanças de um álbum destruidor no mercado a partir do segundo semestre. Um disco que mostrará uma banda que sabe fazer música sem Mike Portnoy, que está seguindo em frente diante das dificuldades e que está maior do que nunca, prova disso foi a grande sacada do grupo para a estratégia de divulgação do nome de seu novo baterista. Ponto positivo para o Dream Theater, tanto na escolha, quanto na maneira de divulgar a entrada de Mike Mangini como seu quinto membro.

Para quem tiver interesse, os vídeos estão aqui:

Parte 1

Parte 3

9 comentários sobre “The Spirit Carries On: a bateria do Dream Theater sob os olhos de um fã

  1. Thiago, eu não acredito que Mangini consiga substituir Portnoy à altura… dos testados, ele me parece um dos que menos tem o espírito "progressivo" em seu trabalho, e este é um lado muito importante na música do DT, assim como o lado metal , o qual acho que faltariam para Thomas Lang e Virgil Donati, por exemplo.

    Não sou especialista em bateristas, mas acho muito difícil hoje em dia um baterista capaz de tocar tanto prog quanto metal com a qualidade do Portnoy. Tomara que eu esteja enganado e que a escolha do grupo não comprometa sua amplitude musical, relegando-os ao nicho comum onde tantas bandas prog metal habitam, e de onde eles saíram há anos em muito graças ao talento e (por que não?) às composições de Mike Portnoy!

    O jeito é esperar para ver!

  2. Oi Mica!
    Então, eu acho o Mangini bem capaz de reproduzir com perfeição o que o Portnoy fez e criar ótimos lances na batera…ele tem criatividade e formação para isso. Além do mais, acho que a dinâmica de composição dentro da banda mudou…JP, JR e JM são os criadores das músicas…então espero só coisa boa desse trio…e que JM contribua com letras.
    Com relação ao Mangini, acho que ele dará conta do recado, tanto na turnê, quanto no álbum
    Abrasss

  3. Vi os 3 vídeos liberados pela banda e realmente o nível do caras que foram selecionados impressiona. Gostei de todos, cada um com sua forma de tocar, mas Minnemann e Mangini foram os que mais chamaram atenção tanto pela técnica quanto pela competência. Acho que a banda fez uma ótima escolha e estou ancioso para ver o que vai sair no próximo album do DT. Parabéns brother "Fifa" por mais um post bem informativo e completo, coisas que só um grande fã da banda saberiam expor mesmo. Junda!

  4. Eu achei muito legal os vídeos. Só não gostei das narrações estilo reality show. Fiquei feliz de terem lembrado do Aquiles e acredito que ele deve ter ficado tão surpreso com essa lembrança que isso acabou dando um nervosismo extra para ele.
    Achei a escolha ótima, o Mangini toca demais. Não gostei muito dessa história de que o cara não pode fugir nada do modo que está no disco. Acho um pensamento que não combina principalmente com o que representa o progressivo…
    Também espero que a mudança de uma renovada na carreira da banda que, sinceramente, tem feito discos protocolares nessa última. Discos que possuem algumas boas músicas, mas que não me agradam no todo.

  5. Eu sempre vejo todo mundo falando sobre "substituição" e acredito que não era isso que a banda procurava. Eles deixaram bem claro nos vídeos que queriam alguém para fazer parte da "familia" e não apenas pra substituir o Portnoy.

    Eu espero mesmo, de verdade, que esse cd seja muito melhor do que os dois últimos. O DT tem excelentes músicos e tneho certeza que o Mangini vai surpreender todos nós (ou não, haha).

  6. Por mais que eu tenha muitas ressalvas ao Dream Theater, devo admitir que a ideia de registrar as audições profissionalmente em vídeo e depois editar esse verdadeiro "reality show" foi fantástica. Primeiro: é um marketing excelente dentro da base de fãs e pode vir a atrair novos interessados pelo ineditismo. Segundo: trabalhou bem a ideia de um novo músico integrado ao grupo, apresentando aspectos que normalmente ficariam desconhecidos do público até o início da turnê. Através dele pode-se perceber o comportamento, a interação, o humor do novo membro.

    Entretanto, há de se convir que tudo soa bastante exagerado. O projeto passa a ideia de algo realmente grandioso, como se fosse, para ficar dentro da música, o The Who buscando um substituto para Keith Moon ou o Led Zeppelin correndo atrás de alguém para ocupar o posto de John Bonham. E, convenhamos, o Dream Theater não é tuuuudo isso.

    Sobre os bateristas avaliados: a escolha de Mike foi excelente, cumpriu com louvores todas as etapas do teste e mostrou-se realmente a fim de fazer parte do grupo, uma integração completa. Marco é outro que mereceria a vaga com sobras, pois sua performance foi fantástica, igualada somente por seu carisma. Virgil Donati então, foi impressionante. Mas convenhamos… ninguém merece um cara com aquele sotaque ao lado, heheheh…

  7. Cara…
    muita gente cresceu ao som desses caras…
    Concordo que não são um Zeppelin ou Who…
    mas pra muito "moleque" na casa de seus 20 anos essa banda é o norte musical…

    Abração

  8. Concordo com o Fábio. Muitos garotos de 14 a 20 anos cresceram ao som de DT.
    E eles acham o DT a melhor banda do mundo.
    E quer saber? Deixem achar, afinal não existe verdade absoluta na música, tudo é tão subjetivo que só de saber que eles estão curtindo música de qualidade é satisfatório.
    No meu caso, DT está no coração, assim como Sabbath e Angra…então tudo é uma questão de gosto mesmo.

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