The Doors: tentando sobreviver sem Jim Morrison

The Doors: tentando sobreviver sem Jim Morrison
The Doors sem Jim: Robby Krieger (guitarra), John Densmore (bateria) e Ray Manzarek (teclados)

 

 
Por Davi Pascale
Em 3 de julho de 1971 o vocalista Jim Morrison foi encontrado morto em uma banheira. O cantor passava férias em Paris. Gordo e barbudo, nem parecia o mesmo rockstar que arrancava suspiros e gritos das garotas nas apresentações. A causa de sua morte ainda é um mistério. Os laudos apontaram uma parada cardíaca. Há, no entanto, quem suspeite de overdose. E há ainda quem suspeite de assassinato. Esses costumam apresentar como argumento o curioso fato de Jim ter sido o quarto roqueiro a morrer aos 27 anos de idade (os três primeiros foram Jimi Hendrix, Janis Joplin e o stone Brian Jones) em um período curto de tempo.
Com a morte do astro todos apostavam no final da banda. Erraram! O grupo já havia começado a preparar material novo enquanto Jim descansava e resolveram levar o projeto adiante.
Other Voices
Ainda em 1971, aproximadamente três meses após a partida de Morrison, foi lançado o álbum Other Voices. A ideia do título era clara. As vozes não eram do “rei lagarto”, e sim de outras pessoas. Nesse caso, do guitarrista Robby Krieger e do tecladista Ray Manzarek. E esse era o grande problema do álbum! As canções não eram ruins e, por vezes, remetiam ao velho Doors – caso de “In The Eye of the Sun”. O trabalho vocal, no entanto, era desastroso. É verdade que Ray chegou a substituir Jim em algumas apresentações devido ao estado deplorável do parceiro (houveram ocasiões onde o cantor subiu ao palco tão chapado que era incapaz de lembrar as letras e/ou cantar). Nesses dias Ray segurava as pontas para não cancelar os shows. Agora, é verdade também que Ray Manzarek não nasceu para ser vocalista.
É nesse disco que está presente “Down on the Farm”, sobra de L.A. Woman. O conjunto resolveu utilizá-la para completar o álbum. Não se sabe por qual razão ela não foi utilizada no álbum anterior. Embora algumas faixas tenham sido compostas quando Jim ainda estava vivo, seu nome não aparece nos créditos. A vendagem do disco foi abaixo do esperado. Muitos fãs não conseguiam aceitar a idéia de existir The Doors sem Jim Morrison.
Full Circle
No ano seguinte o trio tentou mais uma vez. Full Circle chegou às lojas em agosto de 1972. Nesse disco as coisas pioram ainda mais. Além das linhas vocais continuarem medíocres, agora o grupo soava perdido também no instrumental. O disco, repleto de experimentações e influências jazzísticas, é difícil de digerir. Existe uma teoria de que o grupo já previa o fim quando gravou o álbum e que o título do disco era uma analogia ao final do conjunto. Teorias à parte, a verdade é que o grupo chegou a fazer algumas apresentações para divulgar o álbum no final de 1972 e no começo de 1973, ano em que a banda anunciou seu fim.
Os dois discos continuam inéditos em CD e, por isso, acabaram se tornando item de colecionador. A explicação da gravadora é que eles não sabem onde foram parar as fitas originais dos discos pós-Morrison. Embora não tenham sido lançados oficialmente em CD, é possível achar uma edição bootleg no famoso formato “dois em um” (existe prensagem russa e alemã). Para os colecionadores fica uma dica: o compacto “Get Up and Dance” traz no lado B a faixa “Tree Trunk” que ficou de fora do álbum Full Circle (o grupo a considerava muito comercial) e nunca mais foi relançada. Esse é o único b-side que existe desse período do The Doors.

15 comentários sobre “The Doors: tentando sobreviver sem Jim Morrison

  1. Não conheço NADA dessa fase, mas sempre fui curioso de ouvir como ficaram esses discos. Tenho uma certa propensão a gostar de vozes que causam indigestão auditiva nas pessoas, então quem sabe eu não adore esses discos..

  2. Outra teoria da conspiração envolvendo a morte de Hendrix, Joplin e Morrison acusa o FBI de ter assassinado os três a mando de Nixon, que os achava uma má influência para a juventude americana e uma ameaça para o american way of life. Essa teoria virou até filme, "Beyond de Doors" (saiu no Brasil em videocassete), uma podreira do tipo ver para crer.

  3. Salve KCarão e toda galera do blog!
    O álbum "Full Circle", possui algumas canções interessantes, dentre elas, a faixa de abertura "Get Up and Dance" c/ seu estilo gospel, "4 Billion Souls" que mantém as características do rock 60's, mas meu destaque é "The Mosquito" uma composição de John Densmore.
    Essa canção tem uma forte influência latina em sua introdução e depois se transforma num rock que remete ao álbum L.A. Woman.
    A banda não peca nos arranjos, mas os vocais de Jim, sem dúvida fazem muita falta ao som da banda.

    Sucesso ao blog!
    Abçs.

  4. Para quem quer conhecer um pouco mais da historia dessa fase, aqui tem um texto escrito por mim

    http://baudomairon.blogspot.com/search/label/The%20Doors

    Eu gosto muito de The Doors, e essa fase é muito boa. Acho os vocais de Manzarek e Krieger interessantes, e apesar de não ter a mística do Morrison, o Doors sempre foi uma excelente banda musicalmente falando

    "Ships w/Sails", "I'm Horned. I'm Stoned", "Verdillac" e "The Peking King And The New York Queen" são as melhores dessa fase na minha opinião

    Texto curto, mas direto no ponto. Bem vindo Davi!

  5. Olha só o Lou James! Vi que vc tava seguindo o blog e pensei logo que tinha sido fisgado por esse post! xD Mas só agora vi o comentário! Valeu pela participação! Sucesso também ao seu blog das trevas! _|,,/

  6. Hmm, interessante, eu sabia que eles haviam continuado o trabalho, mas não fazia ideia dos discos nem de nada… Alguém que escutou saberia dizer qual dos dois seria mais indicado aos ouvidos de quem gostou de todos os álbuns do Doors anteriores?

  7. Opa, obrigado. Mais viajante provavelmente faz mais meu estilo! Me lembra psicodelismo, afinal. Já estou pegando ele, acho que quando terminar, vou escutá-lo logo para não acumular discos para ouvir (isso é um mal!).

  8. Então, Mairon Machado, eu escutei o Full Circle e gostei bastante por sinal. Sério, não vi problemas nos vocais. Mas isso depende de cada um né.

  9. Somos dois Victor, eu tb não vejo nenhum problema com os vocais, e curto essa fase tanto quanto a cobiçada pelos fãs

    Abraço e da uma lida no texto que publiquei no meu blog, cujo link está nos comentarios

    Um abraço

  10. Acho que o pessoal nem deve escutar direito.. escutar cheio dos preconceitos já… mas é compreensível né, um álbum sem o Jim… qualquer fã (pelo menos os da década de 60/70 mesmo) ficaria assim, acho! Já escutei 2x desde ontem, já já vou baixar o outro =) Vou ver sim seu texto, aí depois eu comento o que achei, beleza? 🙂

  11. É bem por essas victor, o mesmo ocorre com o Secos & Molhados pós-Ney. Os dois primeiros discos sem o Ney são tão bons (se não melhores) quanto os famosos, mas todo mundo torce o nariz e fala mal. Born to Die e Good Singin' Good Playin, do GFR são outros que entram nessa onda, bem como o Hot Space e o Nostradamus, os quais eu ja comentei aqui na Consultoria na sessão Discos que aprece que só eu gosto. Muita gente vai só pelo que ouviu falar, e não para, ouve, e analiza de verdade o som. O Full Circle na minha opinião esta no mesmo nivel do LA Woman. O Other Voices parece que o grupo ainda nao tinha assimilado a morte de Jim, mas tb é bom!

    Abraço

  12. Pois é, isso é bem triste. A pessoa deixa de poder escutar e descobrir músicas ótimas por causa de uma coisa assim. Um dia eu baixo GFR ainda (mas eu não quero sair dos anos 60 ainda haha). Eu só ouço mesmo, creio que não tenho muito o que analisar, sou praticamente um leigo em música. Acredita que eu só ouvi o L.A. Woman acho que 2 vezes? Eu nem me lembro direito mais dele hehe, ainda paro 50min para escutar o som! Vou pegar o Other Voices também, espero que seja bom como o Full Circle, que eu diria, me surpreendeu.

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